quarta-feira, 18 de março de 2015

Herpetofauna encontrada

Não foram muitas espécies dentro das classes de Amphibia e Reptilia, mas como apaixonado pela classe Reptilia irei colocar fotos e informações das três espécies que nos deparamos durante os transectos a pé que fizemos nos trajetos do Rio Negro e Passo do lontra. Os dois primeiros indivíduos são da Ordem Squamata e Sub-Ordem Lacertilia. Os Lacertilia são um grupo bastante variado morfologicamente e com muitas famílias representando essa Sub-Ordem de répteis (o mais diverso dentre os répteis atuais). Existe uma grande exploração de nichos diversos por esses répteis, e as duas primeiras espécies são de certa forma competidoras e exercem o mesmo papel ecológico no ambiente, além disso, são espécies da mesma família. Os Salvator merianae (Teiú) e os Ameiva ameiva (Calango-verde) são duas espécies da família Teiidae e são normalmente confundidos durante a identificação por pessoas novas na área devido à semelhanças físicas e à pigmentação dos S. merianae, que durante a fase juvenil apresentam tonalidades de verde assim como os Calangos. Os Teiús atingem tamanhos maiores que os Ameiva ameiva e são mais generalistas com relação a dieta, podendo ter grande potencial como dispersor de sementes e inclusive sendo capaz de alimentar-se de fungos. O Calango-verde também é uma espécie generalista e onívora, mas devido ao porte menor, consome alimentos menores e dispersa uma variedade de sementes menor do que os indivíduos de Salvator merianae. Ambas espécies possuem hábitos diurnos e terrícolas, língua bifurcada e presença do órgão de Jacobson para receber partículas odoríferas trazidos pela língua bifurcada que é constantemente enviada em direção ao ambiente e retraída até o órgão para concretizar a captação.
Foto 1: Ameiva ameiva Fonte:http://tierdoku.com/index.php?title=Bild:Ameiva-ameiva-male-1254.jpg
Foto 2: Ameiva ameiva Fonte:http://bonitomatogrossodosul.blogspot.com.br/2012_04_01_archive.html
Foto 3: Salvator merianae filhote Fonte:https://www.flickr.com/photos/newsantos/5368586329/
Foto 4: Salvator merianae adulto fonte:https://www.inaturalist.org/observations/254667 A terceira espécie e a mais vista dentro da Classe Reptilia foi o Caiman yacare (Jacaré-do-pantanal) que é bastante avistado em corpos d'água medianos até grandes rios e corixos, essa espécie já sofreu bastante exploração ao longo do processo de antropomorfização do ecossistema pantaneiro, mas com um aumento do rigor nas leis de conservação sobre a Ordem dos Crocodylia e com a moratória da caça destes animais, os Jacarés-do-pantanal conseguiram um reestabelecimento de sua população. Foi bastante observado ao longo do trecho do Passo do Lontra, na Curva do Leque. Nas primeiras horas de caminhada tivemos a tremenda sorte de inclusive ouvir a vocalização reprodutiva destes imponentes répteis, onde os machos emitem sons com baixa frequência e agitam a água como forma de mostrar a virilidade tanto às fêmeas quanto aos machos competidores, normalmente nessa época há frequentes duelos entre machos. As fêmeas constroem ninhos em folhagens que se apresentam em processo de decomposição, fornecendo um controle térmico devido ao metabolismo enzimático dos microorganismos, temperatura essa que é crucial aos animais ectotérmicos. Há uma característica muito peculiar dentro do aspecto reprodutivo desses animais fantásticos, existe um cuidado parental, onde a fêmea protege os ovos ao leito dos corpos d'água e quando estes eclodem, os filhotes emitem sons para atrair a atenção e a proteção dos pais. Os pais carregam os filhotes dentro da própria boca para dentro da água, onde são soltos e observados sempre de perto pelos seus progenitores. Os Crocodylia já foram um grupo bastante abundante e tiveram seu auge durante o Cretáceo (70 m.a.-140m.a.). Os Caiman yacare são da família dos Alligatoridae, e possuem como principal característica para distinguir-se da família dos Crocodylidae o focinho mais largo e arredondado na extremidade anterior e a não exposição dos dentes inferiores na parte externa da mandíbula. São animais carnívoros e estão associados aos ambientes aquáticos e seus arredores. Possuem adaptações evolutivas interessantes para tomarem o domínio aquático, como a presença de uma membrana, chamada membrana nictante, que possui função de proteger sem prejudicar a visão destes animais enquanto mergulham, pois é translúcida. Quando os C. yacare saem do ambiente submerso essa membrana se retrai, expondo os olhos do animal novamente. Além dessa membrana que remete ao óculos de natação, os Crocodylia apresentam uma dobra de tecido que funciona como uma válvula para evitar a passagem demasiada de água durante a ingestão ou a mastigação de algum alimento dentro da água, funciona quase que como um velcro que não permite com que esses animais se engasguem ou morram afogados. São animais muito interessantes, uma das minhas Ordens favoritas desde criança e foi um prazer enorme vê-los de perto no nosso Pantanal Sul-Matogrossense e sei que não fui o único que se descabelou de emoção ao vê-los pela primeira vez em seu ambiente natural.
Foto 5: Caiman yacare mostrando suas duas adaptações para o hábito natante (a membrana nictante e a dobra do tecido no fundo da boca que serve de velcro pra passagem de água). Fonte: http://www.marcelokrause.com/Portfolio/Pantanal/1/
Foto 6: Fêmea da espécie Caiman yacare apresentando complexo comportamento parental cuidando da prole. fonte:http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/curiosidade-animal/a-melhor-mae-do-mundo-animal-especial-para-o-dia-das-maes/
Foto 7: Ninho de jacaré fonte: https://zooterra.wordpress.com/

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